Ao encontro de Ferreira da Silva e a sua época…
Ora, quem verdadeiramente ama a Vida, não pode deixar de amar as árvores e a poesia.
E foi, assim que, de modo espontâneo, todos os presentes, alunos e professores, foram convidados a ler poemas de Davi Mourão Ferreira, em torno da Primavera, dos seus ventos mansos e da Paz. Entre as múltiplas vozes que se ergueram para ir ao encontro da poesia, ficou gravada em todos nós a voz e o sentimento da professora de português Maria do Céu Pastorinho:
“Depois do sangue misturado,
depois dos dentes, dos lamentos,
estamos deitados, lado a lado,
e desfolhamos sofrimentos.
Temos trint’anos, mais trezentos
de sofredora exaltação.
É este o cabo dos tormentos?
Ai, não e não! Ainda não.
[…]
Há nos teus ombros turbulentos
cintilações, pressentimentos …
Os nossos corpos descerão
para que abismos lamacentos?
Ah! não, e não! Ainda não!
Eis-vos, de novo, movimentos
que apunhalais a inquietação!
E assim unidos gritaremos
que não e não! que ainda não!”
(Balada, de David Mourão-Ferreira)
Este evento foi ainda entrosado com declamação de poesia no bar da escola pelos alunos do 6º ano e um momento de plantação de árvores no espaço verde da nossa escola, com acompanhamento musical em flauta, seguindo o conselho de Ferreira da Silva:
“[…] Organizem Sociedades florestais e protetoras do arvoredo, conservem as florestas existentes do nosso país e formem outras onde sejam precisas, aumentando assim a nossa riqueza pública e particular” (A significação da festa da árvore, discurso na Festa da Árvore, na Gandarinha, no dia 9 de março de 1913).