Os alunos do 9.º Ano e do 12.º Ano de Línguas e Humanidades tiveram, então, uma excelente oportunidade de escutar, em viva voz, na primeira pessoa, como se fundou o MFA e como todo o processo revolucionário, de abril de 1974 a 1976, se desenrolou tendo culminado nas Constituições de 1976 e 1982. Os alunos ouviram com atenção, tomaram anotações e puderam tomar consciência que tinham ali à sua frente uma figura incontornável de um dos momentos mais importantes da história de Portugal do século XX: o 25 de abril de 1974. O coronel Vasco Lourenço tinha combatido na guerra colonial – na Guiné, foi um dos capitães da revolução dos Cravos, fez parte da coordenação do Movimento das Forças Armadas (MFA), foi signatário do Programa do MFA, constituiu o Conselho de Estado, em julho de 1974. Em 1975, no seguimento do golpe spinolista de 11 de março, foi membro do Conselho de Revolução e, no decorrer do conturbado processo revolucionário, assinou o Documento dos 9, em pleno Verão Quente em que o país esteve à beira da guerra civil. Um documento em que os militares mais moderados deram resposta aos militares mais radicais, de modo a inverter o destino de Portugal, que seguia em direção às democracias populares da Europa de Leste, países satélites da URSS, e a optar pelo trilho do regime democrático, pluralista e constitucional.

Neste seguimento, e porque a Revolução de abril uniu o MFA e a população portuguesa, que saiu para a rua, apesar dos apelos a que ficasse em casa, e porque, com a população, a alegria e a poesia encheram as ruas, duas alunas interpretaram o poema “Mãos”, de Manuel Alegre. Este poema serviu de mote para algumas questões dos alunos, entre elas: Qual o relevo da sua relação com Otelo Saraiva de Carvalho? Como encara, hoje, o crescimento dos apoios a partidos de extrema-direita?

Esta sessão foi, de facto, uma oportunidade única e um excelente momento de aprendizagens de base humanista, que giraram em torno do conhecimento/informação, da importância do pensamento crítico, do relacionamento interpessoal e do desenvolvimento pessoal, tendo como referência os valores da liberdade, da responsabilidade cívica, da participação ativa e da cidadania.