Saída de campo

Oliveira de Azeméis que, no século XVI, foi escolhida pelo um vidreiro espanhol, Pero Moreno, para instalar o seu forno vidreiro, atendendo à riqueza da região, na qual encontrava vários recursos hídricos, cruciais para a moagem do quartzo, bastante calcário, e madeira. Iniciou-se assim a tradição da indústria vidreira cujos moldes anunciaram a indústria dos moldes no século XX, utilizando como matéria-prima o plástico.
Um espaço estratégico de ligação entre o interior e o litoral e o norte e o sul, Oliveira de Azeméis assumiu-se como um nó viário estratégico, sendo, por exemplo, uma etapa de um dos caminhos de peregrinação até Santiago de Compostela.
Um concelho de onde muita gente emigrou, em particular na segunda metade do século XIX e dealbar do século XX, para o Brasil em busca de melhores condições de vida. A saudade fez alguns deles regressar e investir na sua terra, valorizando-a e ostentando a sua riqueza, construindo, por exemplo, palacetes (ex.: a Casa Amarela) e apostando no saneamento das águas, na eletrificação, entre muitas outras iniciativas.
Uma terra com casas de famílias enobrecidas, como testemunham os brasões de algumas das casas da rua larga (pedonal) - rua António Alegria - que nos leva até ao Largo da República.
Uma terra de gente letrada e ilustre como Ferreira de Castro, Bento Carqueja e António Joaquim Ferreira da Silva, o 1º químico português.
Um concelho cujas famílias, não o esqueçamos nunca, enviaram os seus maridos, filhos, netos para o infortúnio da 1ª Guerra Mundial.
O percurso pedestre deu conta, também, da arte urbana, como a pintura de uma figura de um trabalhador vidreiro (Alfredo Morgado ainda em exercício no Berço Vidreiro), o mural que homenageia Ferreira de Castro, aludindo à sua obra A selva, as esculturas “O vidreiro” e “O almocreve” de Albano Ruela. Os nossos discentes não deixaram de reparar, ainda, na escultura, situada no largo da República, intitulada “O Emigrante”, da autoria do escultor Eduardo Tavares, inaugurada em 1966, de modo a comemorar o cinquentenário da primeira obra literária de Ferreira de Castro, «Criminoso por Ambição», publicada em 1916.
Esta saída de campo culminou no Berço Vidreiro, no qual os alunos tiveram a oportunidade de compreender e ver o já referido Alfredo Morgado a produzir peças de vidro combinando muitos anos de experiência, já que começou a trabalhar aos 14 anos, com o gosto pela arte. Alfredo Morgado deu, então, forma, como se fosse um ato de magia, a um cisne e a uma rosa. Nesse espaço são múltiplas e preciosas peças de vidro expostas: rosas; cisnes; presépios, suportes de velas, entre muitos outros exemplos. Por fim, e porque o apetite já era muito, os alunos deliciaram-se com as “regueifas” de Ul, que também fazem parte do património gastronómico do concelho.
Assim, esta visita foi muita rica em aprendizagens, fez alusão a conhecimentos relativos ao programa de diferentes disciplinas e foi, portanto, uma excelente oportunidade para conhecer em termos históricos e culturais, o património de Oliveira de Azeméis, de modo a articulá-lo com a história nacional e internacional. Uma manhã que certamente ficará na memória dos nossos discentes.

Escola Saudavel original 3nivel